Baden-Baden – Aos pés da Floresta Negra e nas águas termais da Alemanha

Recentemente fiz uma viagem pela Alemanha e Áustria e como chegaria na Europa por Frankfurt decidi dar uma esticadinha até Baden-Baden. Baden-Baden era um lugar do qual eu não tinha muito conhecimento até um tempo atrás quando um colega de trabalho, que morou alguns anos na Alemanha, meu falou sobre a cidade. Fiquei encantada com a descrição dele e pensei comigo mesma: preciso conhecer Baden-Baden!

Depois disso foi aplicar o teorema de “jaque” 🙂 “Já que” iniciaríamos essa viagem de férias por Frankfurt e depois iríamos até Innsbruck e Munique porque não conhecer Baden-Baden antes? E foi assim que passamos duas noites nessa cidadezinha encantadora em plena floresta negra alemã.

Como chegar em Baden-Baden?

Conforme comentei chegamos em Frankfurt com a Lufthansa em um voo vindo de São Paulo. O voo foi bom e o melhor de tudo: relativamente curto (11 horas) e direto. Da própria estação ferroviária do aeroporto de Frankfurt já pegamos o trem para Baden-Baden.

Essa passagem de trem, assim como todos os demais tickets de trem desta viagem, comprei com antecedência no site da Bahn (cia de trem alemã). Recomendo que façam isso caso seja possível (tenham antecedência e não exijam flexibilidade) e caso se sintam seguros (site em inglês, eu preferi usar a versão em italiano, e cheio de detalhes).

Consegui tarifas descontadas em até 50% em alguns casos. No entanto, esse tipo de promoção só é válida para o horário do trem comprado e suas devidas conexões, quando aplicáveis. Caso os bilhetes necessitem ser antecipados ou postergados as diferenças devem ser pagas assim como caso você perca o trem ou alguma conexão será necessário comprar um novo bilhete até o seu destino. Exceção é quando o trem em que você está atrasa e faz com que você perca a conexão nesses casos podes embarcar no próximo trem sem problemas.

Para dar um exemplo, meu trecho Frankfurt-Baden Baden tinha uma troca de trem enquanto o trecho Baden-Baden-Innsbruck tinha 3 trocas, sendo uma em 5 minutos #tensão!

Resolvemos correr os riscos e deu tudo certo. Nos casos em que os tempos de conexões eram pequenos as estações também o eram então basta que você esteja atento e com foco que não perde o trem. Só não pode dar mole, tem que sair rápido, verificar em qual plataforma seu trem chegará e correr. Até porque como não temos muita prática podemos fazer algo errado..hehe.

Uma coisa que achei interessante do serviço da Bhan é que eles comunicam por email caso haja qualquer atraso nas suas conexões, mesmo que menos de 5 minutos. Show de bola, ainda mais se considerar que a maioria das estações ferroviárias tem wireless gratuito. Mais para a frente irei fazer um post com dicas de como comprar as passagens pela Bhan. No entanto caso você não se sinta seguro, sempre recomendo que utilize os serviços da Rail Europe.

O trem deixará você na estação ferroviária de Baden-Baden. Depois disso você terá que ir até o centro da cidade. É claro que isso depende da localização do seu hotel mas a maioria fica no centrinho. O ônibus que leva até o centro passa em frente à estação e o ticket pode ser comprado no próprio ônibus, pagamos 2,4 euros por pessoa. Foram aprox. 10 min de bus até lá.

Onde se hospedar em Baden-Baden?

Conforme falei a maioria dos hotéis estão no centro. Nós optamos por um apartamento por ali e eu acredito que seja a melhor localização. Ficando no centrinho você faz tudo a pé. Muito conveniente.

Os preços de acomodação em Baden-Baden são bem salgadinhos. Baden-Baden é um destino de férias e de bem-estar devido às propriedades das suas inúmeras fontes de águas termais. Devido a isso é um local elegante procurado por pessoas com alta renda na Alemanha. Eu utilizei como alternativa de hospedagem a um hotel um apartamento por temporada do qual gostei bastante.

Ficamos hospedados no Ferienwohnung (que em bom alemão significa casa de férias) Seerose. Ainda hoje fui dar minha opinião sobre ele no TripAdvisor e vi que ele está super bem ranqueado.

Fiz a reserva através do Booking.com, a diária saiu ao custo de 60 euros mais taxas de 3,5 euros por noite por pessoa. Uma barganha para Baden-Baden.

A experiência foi bem local, a senhora dona do apê só falava alemão #risos. O marido dela ajuda a receber os hóspedes e fala um pouco de inglês mas naquele dia ele não pode nos receber. A Ainda bem que meu namorado tinha começado um curso de alemão básico que foi muito útil.

O apartamento foi perfeito para o que buscávamos. Como ficamos somente duas noites não tivemos tempo de aproveitá-lo. Não usamos a sala de estar nem a cozinha e tampouco a varanda. No entanto percebi que tinha todo o necessário para quem busca uma estadia mais longa, desde equipamentos e utensílios de cozinha até maquina de lavar roupa.

A calefação funcionou muito bem, a cama era muito confortável e o banho foi bom (apesar da cortina ao invés do blindex). No quarto tinha um berço e na sala acredito que o sofá vire uma cama. Ideal para famílias. Fomos nos primeiros dias de fevereiro, nevou todos os dias e a temperatura ficou praticamente todo o tempo abaixo de 4 graus. Calefação é um item muito importante na escolha da sua acomodação.

Talvez o único ponto negativo tenha sido a escada, ficamos no quinto andar e tínhamos malas grandes. A localização considero boa, 10 minutos de caminhada do centro, talvez nem isso. Não era no miolo do centro mas isso custaria mais.

O que fazer em Baden-Baden?

Ao todo ficamos 2 noites e meio dia em Baden-Baden. O primeiro foi também o dia em que chegamos então ficou um dia pela metade. Fizemos check-in por volta das 15 horas, arrumamos as coisas e já saímos. Nesse dia fomos conhecer o centro, tomar um café, olhar as lojas e escolher um local para jantar.

Baden-Baden é pequena porém muito rica. O comércio tem de tudo e os restaurantes, assim como as tipologias de hotel, são os mais variados. Caminhamos bastante, ótimo depois de horas no avião e trem.

Baden-Baden tem aquela cara de cidade final de semana de inverno que tanto amamos no Brasil. Pelo visto na Alemanha eles também adoram pois a cidade costuma lotar no final de semana. Como chegamos no meio da semana a cidade não estava tão cheia então acabamos escolhendo o local do jantar em função da frequência. Queríamos comida alemã em um ambiente que não estivesse tão vazio e o Restaurante Amadeus nos pareceu um lugar legal.

Pedimos uma sopa goulash, uma salada e um prato que era algo como spatzel com carne e cebolas. Os pratos mais cervejas e tips nos custaram em torno de 25 euros. Não é uma barganha mas para Baden-Baden pode ser considerada uma refeição econômica.

Acordamos no outro dia cedo e bem dispostos. Depois de colocar as devidas camadas de roupas e uma jaqueta impermeável (nevava) fomos atrás de um local para o café da manhã. Escolhemos o La Spiga, a cinco minutos de caminhada do nosso apartamento/hotel. Um excelente café no estilo italiano para começar o dia. A dona era alemã porém casada com um italiano o que facilitou a comunicação. Mais uma vez nada de inglês.

Tomamos café com calma. A neve deu uma trégua e fomos caminhar no famoso parque Lichtentaler Allee. Mesmo no inverno o lugar tem seu encanto. A floresta, as árvores, a vegetação e a arquitetura do local dão um toque especial.

Depois de caminhar bastante fizemos uma pausa para almoço e café. Mais uma vez tudo com muita calma, ritmo de final de semana em cidade do interior 🙂

Depois de algumas horas fomos ao passeio que na verdade tinha sido também um dos motivos que nos levaram a Baden-Baden. Baden-Baden é famosa em toda Alemanha e não é à toa não, possuí vários hotéis com SPA’s extremamente elegantes cuja bandeira principal são as propriedades das águas termais da cidade. É justamente esse água, rica em minerais, que faz com que a cidade seja reconhecida como referência desde a época romana, há mais de 2000 anos atrás.

Mas não só de spas de luxo de hotéis cinco estrelas vivem os normais mortais. Na cidade existem alguns complexos/banhos onde você paga a entrada e têm direito a usufruir das piscinas e saunas.

O maior e mais moderno é o Caracalla SPA. Não você não está em Roma não mas o nome é uma homenagem ao imperador romano. Segundo muitos foi ele quem criou a cultura dos banhos/termas. Construído mais recentemente esse SPA possui uma estrutura de massa e pode receber inúmeros visitantes ao longo do dia. No total são mais de 8 saunas de tipos e temperaturas diferentes, duas áreas de relaxamento, um solarium, uma gruta de rocha, um local para inalação de sal (salmoura) – dizem ter efeito benéfico para o sistema respiratório – e, piscinas internas e externas. As piscinas externas são o caro chefe do local.

A entrada para 3 horas custa 19 euros enquanto o dia todo custa 23. Existem outras opções de preço. Caso deseje fazer algum tratamento específico o pagamento é a parte. Alguns hotéis, inclusive o nosso apartamento, possuem parcerias com o Caracalla no qual são aplicados pequenos descontos. Vale a pena conferir.

Nós no entanto optamos por um outro complexo que fica ao lado do Caracalla SPA,  chamado Friedrichsbad. O Friedrichsbad é totalmente diferente da proposta do Caracalla SPA. Apesar de também ser formado por um conjunto de saunas e piscinas com diferentes temperaturas ele é um banho somente para adultos pois é um banho nudista. Durante alguns dias e horários da semana ele é unissex porém em outros não, esteja atento à sua preferência.

O local é bem interessante, a começar pelo ambiente e pelo prédio. Esse templo do bem-estar, conforme eles mesmos dizem, foi fundado em 1877 e na época foi considerado o mais moderno estabelecimento do tipo em toda a Europa.

No Friedrichbad a coisa toda funciona como um circuito. Você começa inicialmente pela ducha através da orientação dos funcionários, depois passa pelas salas de ar morno e ar quente e faz novamente uma ducha. Caso tenha comprado o ticket com opção de massagem e scrub aqui você pára para esses serviços caso não, você segue para as saunas a vapor. É interessante que em cada sala existem placas orientando como proceder e quanto tempo ficar. Também é curiosa a forma como eles chamam esses banhos “roman irish baths”. O Irish se deve ao físico que ajudou a idealizar o projeto, as salas de ar quente e morna foram idealizadas por ele.

Das saunas você parte para as piscinas. De diferentes tamanhos, temperaturas e tipologias. Algumas possuem jatos outras não. Algumas são rasas outras mais fundas. O circuito culmina em uma um linda piscina, carro chefe do lugar que aparece em todos as fotos que se vê (foto abaixo), porém tinha um pequeno detalhe: a temperatura dessa piscina, perto das outras ela era a mais fria. Que pena!

Mas na realidade essa é ideia central por trás do circuito todo. Ao longo das 17 salas a temperatura do seu corpo é elevada e depois, vagarosamente, ela vai sendo reduzida e é justamente isso que estimula a circulação e o sistema imunológico.

Depois dessa última piscina você volta ao início do circuito onde pode optar por uma hidratação – onde você mesmo aplica creme no seu corpo – e posteriormente por um descanso em uma área de relaxamento onde um funcionário praticamente te embala em uma coberta e coloca você para dormir em uma sala silenciosa cheia de camas. Aqui apaguei! Depois de acordar você ainda pode optar por tomar um a chá ou mesmo fazer um lanche na área de leitura.

Toda essa função acima nos tomou quase 3 horas. Fizemos tudo com calma. No final ainda acabei lendo uma revista. Queria esfriar bem o corpo pois iríamos encarar um frio abaixo de zero ao sair. Pagamos 25 euros o pacote básico de 3 horas. Com esfoliação e massagem custava 37 euros e durava 3,5 horas.

Abaixo tem uma foto que tirei do material que peguei na recepção. Nele é possível ver todo o circuito. Observem que ele é duplicado, isto ocorre porque nos dias unissex cada gênero ocupa uma área.

Quando essa restrição não existe eles te dizem por qual entrada começar o circuito. Ah, logo na entrada você recebe uma pulseira, ela é seu contrle de entrada e saída e é também com ela que fechas e liberas o locker onde pode deixar suas coisas. Os lockers ficam logo na entrada, no changing room, é nele que você é orientado a retirar sua roupa e ficar apenas com a pulseira e uma toalha.

Nós queríamos ter a experiência juntos então fomos em um dia sem restrição de gêneros, no início me senti um pouco desconfortável pela falta de hábito mas pouco a pouco você se libera pois todos tratam a coisa de forma muito natural e os alemães são muito tranquilos com essa questão da nudez.

Depois desse relaxamento todo saímos do lugar e fomos até o centrinho próximo procurar um restaunrante para jantar. Olhamos diversas opções e acabamos optando pelo La Casserole.

O La Casserole tem um cozinha cuja especialidades é de pratos da Alsácia. Achamos excelente a ideia de provar a cozinha de um local que estava muito próximo e que praticamente se funde com a cozinha alemã desta região. Optamos por deixar alguns restaurantes com especialidades bávaras para o restante da viagem pois ainda passaríamos cinco dias em Munique.

Gostamos muito do ambiente, do atendimento e da comida. Ali provamos o Schupfnudeln mit Münsterkäse und Speck que cheguei a conclusão que era a carbonara deles e também provamos o Flammkuchen uma espécie de pizza só que com a massa folhada, uma delícia. Dois pratos, duas taças de vinhos da casa e gorjeta nos custaram 30 euros.

Ah, assim como no Amadeus, todos os pratos tinham muita cebola. Fiquei pensando na minha mãe que não curte cebola. Então, se você não gosta, melhor pedir sem.

Depois de todo esse relaxing e do excelente jantar fomos para o hotel e caímos nos braços de morfeu. No outro dia cedinho seguiríamos viagem para Innsbruck e teríamos 5 dias de esqui pela frente.