Minha primeira vez, e por enquanto única, em um hammamm foi em Maraquexe no Hammam de La Rose. Contei no post inicial dessa série de posts sobre o Marrocos que, quase fiz o hammam em Istambul mas no decorrer da viagem acabei desistindo.
Em Istambul fomos em vários locais e a maioria não aceitava que pessoas do mesmo sexo na mesma sala. Eu e meu namorado optamos por fazer o hammam em Marrakesh pelo fato de podermos fazer o hammam juntos. No entanto, apesar de ser voltado para o turista, o hammam em Marrakesh é algo típico, que passa por todas as etapas e respeita a cultura milenar do hammam.

Conforme indicação da atendente, compramos o pacote que seria o de iniciação: hammam com sabão negro de eucalipto, seguido de esfoliação corporal com especiarias e finalizado com uma hidratação especial com óleo de rosas. O ritual todo teve duração de aproximadamente 1 hora e nos custou 23 euros por pessoa (250DHs). O hammam em sí demorou de 25 a 30 minutos.
Fizemos no segundo dia em que estávamos em Marrakesh, passamos algumas horas antes e reservamos o horário que nos era conveniente. Isso é uma informação importante, caso não tivéssemos reservado provavelmente não teríamos feito porque como o hammam é privado o número de atendimentos é limitado.
Bom, daqui para a frente vou tentar descrever como foi a experiência.
A primeira coisa que você faz é acessar o vestiário (separado por gênero), para colocar os chinelos descartáveis, roupas íntimas “apropriadas” (dadas por eles) e um roupão.

No vestiário ficam os armários onde você poderá deixar ser pertences.

Eles fornecem roupas íntimas descartáveis para que você use durante o hammam. Para os homens uma cueca e para as meninas uma mini-tanga, tipo nada e,só! Fiquei intrigada com o que viria depois, ou melhor: quem.
Troquei de roupa e logo me chamaram. Nos orientaram a subir uma escada que dava acesso a sala do hammam (foto abaixo à esquerda).

Logo após subirmos a escada entrarmos em um pequeno corredor que antecede a sala da foto abaixo. Deixamos nossos roupões nos cabides e começamos então o processo de exibição da figura.

Logo ao entrarmos fomos recebidos por duas mulheres vestidas com maios que pareciam ter saído da década de trinta, maiores e mais longos. Elas nos indicaram que entrássemos em uma sala menor (foto abaixo). Essa sala ficava dentro da sala da imagem acima.

Entramos, sentamos lado a lado com o devido espaço e elas entraram logo atrás. Cada uma carregava uma bacia de tamanho médio em uma das mãos. Cada uma se colocou na frente de cada um de nós e fomos orientados a fechar os olhos.
A partir desse momento elas encheram as bacias em uma espécie de fonte que estava na nossa frente e que aparece na foto acima e despejaram a água morna das bacias no nosso corpo a partir da altura das nossas cabeças. Muito bom esse contato com a água morna em um ambiente úmido, a meia luz, exótico e relaxante!
Acho que foram umas três baciadas e fomos orientados a abrir os olhos. Elas nos mostraram então (e nos fizeram cheirar) o sabão negro de eucalipto. Fizeram esse ritual com todos os produtos que utilizaram. Aplicaram esse sabão no nosso corpo, fecharam a porta dessa espécie de sauna e saíram.
Voltaram uns 10 minutos depois e mais uma vez nos deram umas três baciadas de água morna antes de orientarem a ir até a outra sala, a que tínhamos cruzado inicialmente. Pediram-nos então que cada um deitasse de costas nas estruturas que na foto parecem camas.
Foi aí que começou a exfoliação. A bucha mais áspera da terra com a mão mil vezes mais pesada que a minha. Help me! Ainda bem que foi rápido; ela orientou que virasse de frente, mais uma vez o processo e pronto, tranquila, tranquila, acabou o scrub.
Depois da exfoliação ela fala: wash! Foi aí que entendi que tinha que ir até o chuveiro para remover por minha conta as células mortas que a “potente” exfoliação tinha removido. Vinte segundos depois escuto: deite!
Começa então o processo que entendo que é o hammam propriamente dito. A mulher simplesmente te dá um banho. Desta vez ela repetiu o processo porém somente com o sabão. Mais uma vez escuto: wash! Lá vou eu tirar o sabão. Vinte segundos depois escuto: seat! Sentei e ela passou shampoo no meu cabelo. Mais uma vez: wash! Fui para o chuveiro e enquanto removia o shampoo escuto: seat! Saio correndo, sento e ela aplica condicionador. Novamente escuto: wash! E lá vou eu tirar o condicionador. Porém esse tinha sido o último wash; o banho mais rápido do oeste 🙂
Saí do chuveiro conforme orientação, então ela secou meu corpo rapidamente e fez com sentasse em um local seco onde aplicou a hidratação com o óleo de rosas, tudo muito rápido. Depois de aplicado o óleo nos vestiram os roupões e os chinelos e nos deram um pacote que chamaram de “gift (presente)” que na realidade tinha a bucha dentro. Presente de grego!
Dessa sala nos levaram para a sala de relaxamento onde chás, água e doces nos esperavam. Demos um tempo, nos vestimos, sequei meu cabelo e fomos para o centro de Marrakesh. Nem voltamos para o hotel, descobrimos na prática que na realidade o hammam é na verdade você ser banhado por outra pessoa.
Gostei da experiência, sem dúvida ela é única, não é o tipo de coisa que encontraria em um SPA qualquer. No entanto, se fosse repetir substituiria o scrub por outra coisa. Achei muito intenso e consequentemente fiquei bastante tensa o que acho que contraria o fator relaxamento que experiências assim deveriam proporcionar.
Pesquisando melhor sobre o assunto descobri que em Istambul as pessoas que trabalham nos hammams usam praticamente roupas íntimas durante o trabalho. É justamente por isso que lá os sexos são separados; para garantir mulheres dando banho em mulheres e vice-versa. Analisando essa questão tenho a certeza de que o melhor lugar para ter dito essa experiência, ao menos por enquanto, foi Marrakesh.
Um comentário em “Um Hammam em Marraquexe”