Será que posso solicitar uma licença poética e escrever Marrakesh ao invés de Marraquexe? Não sei o porquê mas não curto nem um pouco Marraquexe com “x”, acho estranho, prefiro a grafia em inglês mesmo (Marrakesh). Bom, isso posto, vamos ao post…risos.
África io io…, impossível não lembrar da música do Saulo (Raiz de todo bem). A primeira vez na África a gente nunca esquece. A ansiedade era grande. O Marrocos era mais um sonho antigo de viagem que finalmente tive a oportunidade de tirar da “planilha” em março deste ano. Mais uma trip onde tinha que cuidar o excesso de expectativa porque a vontade de conhecer era enooooorme. Marrakesh foi a cidade escolhida para chegar e partir em função da disponibilidade de voos a partir de Dublin.

O mais legal de tudo foi que segui a dica de um primo, que viajou por diversas cidades do Marrocos por um mês, e consegui fazer um day-trip desempacotado até a cidade de Essaouira. Adorei a combinação!

No total foram 72 horas no Marrocos; três dias entre Marrakesh e Essaouira. Um número de dias/noites que achei adequado para a “intensidade” do país.
Ao longo desses três dias nosso roteiro ficou assim:
Primeiro Dia no marrocos – Marrakesh/Marraquexe
Nonosso primeiro dia (noite na verdade), não conseguimos fazer muita coisa. Demoramos tanto tempo para fazer a imigração no aeroporto (quase duas horas) que só conseguimos ir do nosso ryad até a Medina para comermos algo na praça “Jemaa el-Fna” e voltamos ao hotel. Essa noite foi bem corrida, mas já nos deu uma ideia do que estaria por vir.
Mas o que significa Medina, Ryad (ou Riad) e Jemaa el-Fna?
Normalmente a Medina é a parte antiga das cidades árabes, ela é formada por um emaranhado de ruas com torres de vigilância e uma praça central e fica entre muros. Em Marrakesh a praça central da Medina chama-se Jemaa el-Fna e é nela que tudo acontece; um mercado durante o dia com vários souks e restaurantes no seu entorno e uma feira de comidas à noite.
Já o riad ou ryad é termo utilizado para identificar uma casa ou palácio dentro de uma Medina. Eles são fechados para o exterior e as salas e quartos são voltados para o jardim interno. A função do jardim é fornecer privacidade para as mulheres e frescor ao ambiente. Pelo que li, a inspiração para esse tipo de habitação vem das antigas “villas” urbanas romanas. Adorei a inspiração!
Com o tempo muitas dessas habitações foram sendo convertidas em pequenos hotéis e assim é possível se hospedar em um. Então eu pergunto: Como resistir a isso? No meu caso impossível! Irei falar sobre o ryad onde nos hospedamos em um post específico.
Segundo Dia no Marrocos – Marrakesh/Marraquexe
Tiramos o dia para explorar a Medina. Saímos do nosso hotel, que ficava na própria Medida, sem rumo e conhecemos lugares muito interessantes. Passear pela Medina é um passeio em si. Curtir a aglomeração de vielas, o mercado, o jeito de viver do povo dentro da Medina, os quitutes, as especiarias e o artesanato é um programa e tanto.
O primeiro lugar que chamou nossa atenção foi o Terrace de Las Epices. O Terrace de Las Epices é um pequeno centro comercial. Nele você encontra uma pouco de tudo que irá ver andando pela Medina, no entanto, ele é um lugar mais voltado para o turista, onde os vendedores são mais ocidentalizados.

Os pontos altos são o terraço onde fica o restaurante (foto acima), a sorveteria (ótimos sabores mas tamanho menor e preço mais alto que as sorveterias mais centrais) e a loja que vende produtos derivados de óleo de Argan. O vendedor foi extremamente receptivo e me deu uma aula sobre o produto.
Do terraço seguimos nos perdendo e acabamos conhecendo um hammam lindo. Decidimos que o hammam seria nosso programa de fim de tarde. No hammam a atendente também foi muito educada, fez uma visita guiada pelo local e nos deu todas as informações necessárias e preços.
Seguimos em frente e fomos dar nos jardins Koutoubuia. Os jardins são lindos, impecáveis, extremamente bem cuidados. Naquele lugar o Marrocos da minha expectativa dava um “match” no Marrocos da realidade. Ao lado dos jardins fica o hotel cinco estrelas mais famoso da cidade e próximo a ele a Mesquita e seu famoso Minarete.


Da Mesquita voltamos à praça para almoçar. Almoçamos um tagine em um restaurante bem simples ao redor da praça. Depois do almoço encaramos um expresso em um dos restaurantes ao redor da praça que possuem os famosos terraços, o café Argana. Vista linda (primeira foto do post)!
Andar pela Medina com um destino em mente não é tarefa fácil. Eles até tentam ajudar, existem placas como a da foto acima para guiar o turista mas se perder-se é quase que parte do passeio.
Do restaurante seguimos nossa caminhada e fomos olhar os souks. Os artesanatos são realmente muito bonitos. Tudo muito barato também. Dá vontade de levar tudo para casa.

Estava com receito de ficar olhando muito porque sabia que ao menor sinal ou fotografia os artesões – que são vendedores natos – viriam com tudo para cima e tentariam me empurrar os produtos. Eu, além de não ter a intenção de comprar nada, não gosto muito de ter que ficar dando tanta “trela”, sabe como é, tempo de turista é um tempo escasso e precioso.

Mas devo confessar que a experiência foi menos traumática do que imaginava. Sofri mais em Istambul. O que mais chama atenção é a quantidade de línguas que eles conseguem falar, claro que é o básico para interagir mais ainda assim é de tirar o chapéu. Não esqueçam que é um país muito pobre.
Eu e meu namorado ficávamos apostando a língua que iam conversar com a gente, acabou que a preocupação virou diversão. E o complexo da pergunta “We are you from my friend?” foi ficando mais light.

Depois de tanto caminhar decidimos que estava na hora de relaxar e nos dirigimos ao hammam. Já tínhamos deixado de fazer um hammam em Istambul e desta vez estávamos decidimos que não deixaríamos passar. Acesse o post específico sobre a experiência no Hammam de La Rose nesse link aqui.
Saímos do hammam e fomos jantar. Voltamos novamente à praça Jemaa el-Fna. Desta vez encaramos uma barraca que adoramos e julgo ser uma das melhores. Comemos muito bem ali. Acesse aqui o post sobre as comidinhas e as barracas da Praça Jemaa el-Fna.
A dica desse dia, além do Hammam, é de uma sorveteria divina, chamada Oriental Legend. Não deixe de provar. Diferentemente da praça ela não é para os fortes, hehe, é ajeitada, limpinha e tem cada sabor delicioso a preços módicos.
terceiro Dia no Marrocos – Bate e volta a Essaouira
Prepare-se, enquanto estiver por Marrakesh irá avistar muitas agências que vendem inúmeros passeios pela região. Essaouira é um deles e foi nosso escolhido. No entanto, fizemos por conta própria. Compramos as passagens de ônibus no dia anterior e no terceiro dia cedinho saímos para Essaouira.

Essaouira é uma graça. Tem a parte moderna, a Medina murada, a área dos pescadores e um calçadão muito bonito à beira-mar; isso mesmo é uma cidade litorânea com uma grande cultura de pesca. Todos os detalhes de como ir até Essaouira desempacotado nesse link aqui.
O day-trip à Essaouira é relativamente longo então você precisa de um dia inteiro para o passeio. Chegamos de Essaouira bem cansados e como estávamos no centro da cidade, isto é, fora da Medina, aproveitamos para conhecê-lo.

O centro da cidade é totalmente diferente, existem construções modernas, shopping centers, lojas fast-fashion e meninas de saia curta. Quando você está dentro da Medina essa realidade não parece existir, lá dentro você parece voltar no tempo, costumes mais arcaicos, modo de vida mais artesanal – mais simples e caótico ao mesmo tempo – e, é claro, um ambiente muito machista. Comentarei sobre minha impressão em breve aqui.

Nesse dia acabamos jantando no centro mesmo. No final do dia choveu muito e não tivemos tempo para escolher nada em especial, uma pena. Porém comemos muito bem em um lugar simples. Que poderia descrever com a aparência de uma kebaberia qualquer de uma capital europeia.

Pedimos o prato da foto acima, não deixe de prová-lo quando estiver no Marrocos.
Quarto Dia no Marrocos – Marrakesh
Esse foi o mais relax. Acordamos um pouco mais tarde, tomamos um café da manhã maravilhoso e dedicamos o final da manhã/início da tarde aos museus. Começamos pelos Jardins Majorelle (7 euros por pessoa) e de lá pegamos um táxi até o Palácio Bahia (ticket em torno de 1 euros por pessoa).

Gostamos muito de conhecer ambos. Esses lugares, assim como os jardins Koutoubuia – visitados no primeiro dia – são oásis no meio da loucura da vida da Medina.

É impressionante como na Medina é tudo muito apertado e agitado. Muito cuidado ao transitar nas vielas onde circulam motos. Andar por ali é viver perigosamente.
Depois de visitar os jardins e o palácio. Fizemos uma parada para um almoço tardio. Desta vez escolhemos um restaurante próximo à praça mas não exatamente nela. Um restaurante familiar, muito típico, onde comemos comida típica em um típico terraço.

Quando você está lá em baixo você olha para cima, vê os terraços e quer fugir para a tranquilidade dos mesmos. Mas é só quando você está em um terraço como esse, que não fica voltado para a praça central, que consegue ter uma ideia do caos da Medina. É um emaranhado de construções, puxadinhos, tendas e fios para todos os lados. Impossível não se lembrar do querido modelo de urbanização brasileiro denominado favela. Nada muito bonito de ser ver.
Nesse restaurante demos sorte e conseguimos provar um dos poucos pratos típicos que ainda não tínhamos provado. A tangia.
O prato é delicioso porém mais interessante é a forma de preparo. Eles colocam a carne dentro de um pote (como o da foto acima) e cozinham no hammam. O pote fica cozinhando por horas, é um cozimento lento que deixa a carne muito macia. Devido à peculiaridade de se “cozinhar”, a quantidade é limitada ao número de potes do dia. Então nem sempre é fácil achar. Demos sorte, por pouco não tinham acabado.
O pote é aberto da sua frente e como acompanhamento eles servem feijão branco. Pedimos uma tangia, meia porção, e achamos suficiente. Sem falar que sempre servem pães e algumas pastas de entrada.

Recomendo não só o prato mas o restaurante, o Tiztnit. E já aviso, ele é mais local, não tem o padrão internacional de alguns restaurantes da praça central.
Terminado o almoço foi hora de passar no riad, pegar as malas e o traslado e partir para o aeroporto com muitas horas de antecedência. Dois dias depois que chegamos descobrimos que o excesso de segurança na imigração tinha sido devido a uma tentativa de atentado terrorista em Casablanca. Ninguém merece. Mas, infelizmente, ultimamente viver na Europa é conviver com esse tipo de situação 🙂
Termino esse post aqui. Em breve um post com os detalhes do planejamento da viagem. Nele escreverei sobre hospedagem em Marrakesh (riad ou hotel, centro ou medina), locomoção (traslados, taxi e cias aéreas) e algumas informações importantes (dinheiro, machismo, que roupa levar). Espero que gostem!
Nossa que delicia sou louca para conhecer o Marrocos..
Adorei o post..Bjuss
http://www.petitluxo.com
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