Acabei de voltar de uma viagem de enoturismo super gostosa pela Serra Gaúcha (Vale dos Vinhedos e arredores), mais precisamente pelas cidades de Garibaldi, Bento Gonçalves e Pinto Bandeira. Aqui nesse post irei dar detalhes sobre nosso primeiro dia de roteiro. Se você ainda não viu o post índice (com todas as informações da viagem), clique aqui para acessá-lo.
Nosso primeiro dia de roteiro foi assim:
- Garibaldi e Vinícola Peterlongo
- Vinícola Aurora
- Vinícola Salton, no Roteiro Vale das Antas no distrito de Tuiuty
- Almoço Cafeteria Dolce Gusto em Bento Gonçalves
- Vinícola Dal Pizzol, na Rota das Cantinhas Históricas
- Jantar na Hostaria do Hotel Casacurta em Garibaldi
1.Garibaldi e Vinícola Peterlongo
Começamos o dia fazendo um pequeno passeio de carro pela cidade de Garibaldi. A cidade é bonita, bem cuidada, daquele tipo que dá gosto de ver. A impressão é de uma comunidade muito organizada onde todos cuidam tanto da propriedade privada quanto da pública.
Depois de um pequeno city tour pelas ladeiras Garibaldinas (e que ladeiras, isso que moro nas Perdizes em São Paulo, entendedores entenderão) fomos até a Vinícola Peterlongo.
Visitamos a loja, conversamos sobre os vinhos e conhecemos o lugar. Infelizmente não fizemos a visita guiada porque chegamos em um horário ruim e a próxima visita seria somente na parte da tarde. Outra opção seria ter realizado a degustação harmonizada, que ocorre no final da tarde mas também acabamos não fazendo. Mais detalhes aqui.

A vinícola é muito bonita e histórica, me arrependi de não ter conhecido. Você sabia que á Peterlongo é a única vinícola no Brasil que pode utilizar o nome “Champagne”? Que eles foram a primeira vinícola a produzir espumantes no Brasil há mais de 100 anos atrás? A vinícola vale a visita para conhecer um pouco não somente da história dela mas também da imigração italiana e do próprio Brasil.

Da vinícola Peterlongo posso recomendar o Prosseco (premiado inclusive na edição de 2019 do Guia Descorchados, para quem não conhece é simplesmente a Bíblia dos vinhos na America Latina) e o espumante Vita – elaborado com o método Sur Lie. Espumantes elaborados com esse método, que na realidade é uma volta ao passado porém com a tecnologia da atualidade, não são fáceis de encontrar e a Peterlongo faz um deles.
2. Vinícola Aurora
De Garibaldi optamos por seguir até Bento Gonçalves. Nosso objetivo era novamente conhecer a cidade e visitar uma das maiores, se não a maior, vinícola de lá, a Aurora. A Aurora é na realidade uma cooperativa, ela não tem vinhedos próprios e sim recebe as uvas de seus cooperados, que já somam mais de de 1100.

A Aurora também produz vinhos há bastante tempo. Quem nunca na vida, ao menos da minha geração, tomou um Almaden, fez piada com vinho Sangue de Boi ou exagerou no Keep Cooler em alguma festinha (risos).
Na Aurora fizemos a visita guiada (que era gratuita e dura cerca de 20 min.) porém não fizemos a degustação – que acontece no final do passeio e é paga à parte. A vinícola é bastante conhecida e visitada quando chegamos tinham muitos ônibus saindo e a loja estava cheia. Achei a estrutura de acolhimento ao turista um pouco antiquada e no início da visita é apresentado um vídeo sobre os cooperativados que achei desnecessário para quem faz a visita. Eu gostei da visita, os horários são inúmeros, a duração curta, foi prática e gratuita, não tinha muita expectativa e achei que isso também fez a diferença.
3. Salton
Saímos da Aurora em direção a Vinícola Salton,no distrito de Tuiuty, próximo a Bento Gonçalves, no Roteiro do Vale das Antas. Nossa ideia era visitar a vinícola e depois almoçar porém o plano não correu exatamente como gostaríamos (risos). Ao chegarmos o tour anterior já tinha começado, teríamos que esperar o próximo que com a duração de 1 hora e 40 min. ficaria muito tarde para nós. Me refiro ao Tour Intenso, para maiores detalhes verifique o link acima pois existem diferentes tipos de tours.

Como meus pais já tinham feito o passeio (spoilers) e nós conhecemos bem os vinhos da Salton decidimos então apenas passear pelo local, que é realmente muito bonito. A Salton é mais uma vinícola centenária que também carrega muita história. A planta de Tuiuty, construída em 2004, é muito bonita. Logo ao chegar tem uma recepção e um estacionamento, ali você terá todas as informações necessárias sobre os tours disponíveis, no entanto, em função da duração e dos horários restritos recomendo planejar com antecedência.
Ficamos um pouco na Salton e saímos em busca de um lugar para almoçar ali por perto mas não encontramos nada que não fosse do tipo sequência, que nos apetecesse ou que estivesse aberto. Paramos na Casa Postal Vinicola e Bistro mas achamos os pratos daquele dia muito simples, pratos que normalmente fazemos em casa 😊.

O Restaurante Addolorata parecia boa opção, apesar de comida à vontade servia comida caseira a preço justo porem só abre para almoço aos finais de semana e feriados. No Pignatella era sequência no valor de 80,00 reais por pessoa, o cardápio é inspirado no norte da Itália, na região do Trentino. Eu achei a ideia original embora os pratos não tenham me inspirado tanto.
Acabamos voltando para Bento Gonçalves. Repensando o roteiro deveríamos ter ido da Peterlongo à Salton e só depois à Bento Gonçalves ou então ter organizado melhor para almoçar em uma dos locais acima citados.
4. Almoço (Dolce Gusto) em Bento Gonçalves
Gostaria de abrir um pequeno parêntesis sobre a comida italiana que é servida na maioria dos restaurantes/cantinas que servem sequências. Acho que já deu para notar que não sou muito fã, mas não esqueçam que sou gaúcha e já bebi muito nessa fonte (risos). É uma gastronomia simples que reflete as origens italianas do povo gaúcho. Só que desde então a culinária italiana evoluiu muito (e eu fiquei exigente…kkk) enquanto essa comida típica, rustica e farta permanece a mesma; e não poderia ser diferente caso contrário não seria típica.
E uma comida refém de uma época onde não havia diversidade de ingredientes – os tomates no Rio Grande do Sul até hoje em dia são de dar dó, tudo é muito simples. No geral as massas cozinham demais (nada al dente), as farinhas são pobres e os molhos ralos. O ponto forte é a polenta (normalmente só um tipo) e o galeto. Veja bem não estou falando para você não provar estou apenas dando meu ponto de vista para que você saiba o que esperar.
Optamos por um almoço rápido em Bento Gonçalves. Já eram quase 15 horas e todos os restaurantes já estavam fechados. Não foi bem uma opção, mas uma salvação, a cafeteria, que também servia pratos salgados chamada Dolce Gusto.

Gostamos bastante, um café com um marketing muito bem feito que serve almoço rápido estilo fast food, porem típico, além de cafés e doces. Ah, o lugar é do tipo BBB, Bom, Bonitinho e Barato.
Aproveitamos que estávamos no centro de Bento Gonçalves e andamos pelo calçadão e lojas, além de passar no supermercado para comprar águas e alguns snacks.

5. Vinícola Dal Pizzol
Quando terminamos toda a função em Bento eram quase 16 horas. Decidimos então fazer o ultimo passeio enoturístico do dia e fomos até a Vinícola Dal Pizzol.
Chegamos direto na loja onde fizemos a degustação varietal, a um custo de 20 reais você degusta dois rótulos de sua escolha (30 ml cada), e depois passeamos pelo local. Na degustação provei dois espumantes: o Nature e o Brut. Gostei muito de ambos. Nessa viagem entrei em contato com os espumantes Nature, até então tinha bebidos muito poucos. Para quem não conhece os espumantes são classificados de acordo com a sua doçura, olhe na imagem abaixo.

Eu, que sempre bebi brut ou extra brut, gostei ainda mais do Nature. Muitos dos espumantes que provei nessa viagem eram nature zero açúcar, o que para meu paladar é melhor ainda. Notem que um nature pode conter até 3 gramas por litro, não mais do que isso mas pode conter menos.

A Dall Pizzol tem um ambiente muito diferente das vinícolas que conhecemos nesta viagem. Ela é única e vale a visita, principalmente se você estiver com crianças. A loja e o restaurante ficam dentro do que eles chamam de Parque Temático do Vinho, que também possui uma Enoteca histórica, um lago, um jardim, animais e um parreiral com mais de 400 tipos de uvas – um dos poucos no mundo, de onde todo o ano é feito um vinho com as uvas que podem ser aproveitadas.

Não deixe de acessar esse link para ver toda a programação pois degustações especificas precisam ser reservadas. Além disso o restaurante abre para almoço nos finais de semana e feriado. Na ocasião eles me informaram que só trabalhavam servindo sequências a um valor de 80 reais por pessoa.
6. Jantar em Garibaldi no Hostaria do Hotel Casacurta
Nossa noite terminou em um belo jantar na Hostaria do Hotel Casacurta. O local é pequeno mas charmoso, remete a um antigo castelo medieval. O atendimento naquela noite foi impecável, a comida muito boa. Gostamos muito.

Pedimos um nhoque de mandioquinha com molho de queijo, um prato da casa (frango ao curry com espumante) e eu não resisti a sopa de capeletti. Acompanhamos tudo com um prosecco da Courmayer (como não visitaríamos a vinícola decidimos provar o prosecco, eu já tinha provado um espumante brut em outra ocasião e gostei muito).
Aqui vou abrir mais um parêntesis: A Courmayer (que tem seu nome inspirado em uma estação de esqui italiana super hypada) tem uma degustação bem interessante mas que precisa ser reservada com antecedência. Confere nesse link aqui. Além disso você pode visitar a loja, fazer uma degustação mais simples e reverter o valor da degustação em compras 😊
Voltando ao jantar…, foi ótimo, compartilhamos o prosecco e os pratos. A conta, com serviço, saiu 230 reais, uma média de 58 reais por pessoa. Um ótimo custo benefício. Recomendo o restaurante e também recomendo o Hotel, dá só uma espiadinha nele clicando aqui, é lindo demais.