A Estação de Esqui de Nevados de Chillan e o Valle Las Trancas

Nesse segundo post sobre minha viagem de esqui desempacotado no Chile escrevei sobre a estação de esqui de Nevados de Chillan e sobre a cidade de Valle Las Trancas. Para que tudo não se resuma a esqui escreverei também sobre outras opções de entretenimento como o Valle Hermoso e alguns SPA’s de hotéis da região.

Para quem não leu o primeiro post (acesse aqui), nele escrevi sobre o planejamento da viagem. Sobre a escolha do local, a ida do Brasil ao Chile, os detalhes do aluguel do carro, sobre dirigir de Santiago até Valle Las Trancas e Nevados de Chillan, sobre o hotel (cabaña) que em nos hospedamos em Valle Las Trancas e, finalmente, sobre o aluguel dos equipamentos de esqui.

A Cidade de Valle Las Trancas

A cidade de Valle Las Trancas é bem pequena. Em poucos minutos – de carro – você a cruza de ponta à ponta. A rua principal da cidade é a própria rodovia que começa em Chillan e termina próximo ao posto policial onde se inicia a subida para o resort de Nevados e Chillan. De Chillan a Valle Las Trancas são aprox. 80 km’s enquanto de Las Trancas à estação de esqui são 7 km’s.

Apesar de ser um vilarejo de montanha a cidade é plana. O cuidado com a cidade nos dias em que estive por lá foi intensivo, a rua principal tinha sempre a neve removida nos dias em que estive lá e nos quais nevaram. Transitar nas ruas adjacentes é um pouco mais chatinho porque as ruas são de terra e conforme a neve derrete nos dias de sol a coisa fica meio lamacenta. Mas nada preocupante.

Ao longo da rua principal você encontra opções de restaurante, mini-mercados, lojas de aluguel de equipamentos/roupas de esqui e algumas pousadas. Infelizmente não tinha caixa eletrônico (só em Chillan) nem posto de combustível (só em Pinto – no caminho entre Chillan e Valle Las Trancas).

Adorei a cidadezinha, muito charmosa e com aquele clima de montanha + esqui difícil de encontrar no hemisfério Sul. Só senti de falta de um centrinho que concentrasse as pessoas no final do dia e que propiciasse après-skis (happy hour) mais animadinhos. Achei o after esqui praticamente inexistente e a frequência em alguns restaurantes bem baixa. Uma explicação pode ter sido o fato de que fui na segunda semana de agosto, uma semana com preços de baixa temporada e que antecedia um feriadão chileno.

A Estação de Esqui Nevados de Chillan

Gostei bastante da estação de esqui de Nevados, ela é famosa pela qualidade da neve e isso é sem dúvida um diferencial. Achei que a estação tem um tamanho excelente para o tempo que tinha disponível – no máximo 6 dias. Sem falar que tem uma boa quantidade de pistas para todos os níveis.

Os meios de elevação (lifts) são um pouco antigos o que tornava o acesso a algumas pistas bastante lento e um pouco desconfortável. Em um dos dias peguei um tipo de neve que é quase uma chuva durante a subida e ao sair do lift, mesmo com uma roupa com um bom nível de impermeabilidade, estava ensopada.

A situação de ensopamento acima ocorreu logo após termos comprado o ticket diário e analisando melhor acredito que naquela manhã a estação deveria era estar fechada. Não bastasse o banho , logo após sairmos do lift tivemos que ficar quase 1,5 horas em um restaurante de montanha porque não tínhamos visibilidade para descer.

Outra coisa chata que aconteceu comigo foi que tomei um tombo terrível na famosa pista Três Marias, a mais longa da América do Sul  (e mais perigosa também…hehe). A fama da pista cruza continentes mas confesso que depois do tombo fiquei assustada. Naquela dia a pista não estava batida, o que aumenta muito o nível de dificuldade, o problema é que você até recebia essa informação ao chegar próximo a pista porém a indicação do caminho alternativo não estava clara. Por essas e outras confesso que acho o custo do passe diário bastante salgado. É necessário melhorar a infra!

No mais foi só diversão, as pistas superiores são largas e boas (quando bem sinalizadas) enquanto as inferiores são caminhos curtos através do bosque que dão um charme especial ao esqui. O visual das pistas superiores, com a cidade lá no fundo, é um show à parte. Cartão postal!

Os restaurantes de montanha apesar de poucos são bons. O que fica localizado ao Hotel Alto Nevados (um dos hotéis do complexo)  possui uma infra excelente, serviço rápido, preços camaradas e lanches gostosos.

O acesso à estação é bem cuidado, com o caminho sempre liberado da neve, sinalizado e com estacionamentos amplos.

Os Passes e preços na Estação de Nevados de Chillan

Em relação aos passes o planejamento inicial era comprar o pacote de 6 dias porém ao chegarmos na estação nos deparamos com uma situação indesejada, o sistema de cartão de crédito estava fora do ar e sem previsão de retorno. Como o valor do passe era muito alto não tínhamos dinheiro vivo para pagar. Foi nessa situação que acabamos descobrindo que não tinha caixa eletrônico na cidade. 😦

Ficamos entre a cruz e a espada, ou descíamos até Chillan e sacávamos todo o dinheiro necessário ou ficaríamos a mercê do funcionamento do sistema. Achamos melhor não arriscar e decidimos perder o dia de esqui. O pior foi que no segundo dia a estação não abriu devido ao mau tempo.

Dessa forma no terceiro dia não era mais conveniente comprar o pacote e assim fomos comprando-o dia-a-dia. Em um deles era uma quarta-feira e as mulheres pagavam meia entrada, em outro você comprava para 4 pessoas mas pagava 2 e no último uma chilena me vendeu um passe de meio dia, que ela tinha comprado no GroupOn, por um bom preço.

A dica que dou é que você dê uma olhada nas promoções diárias antes de calcular o bilhete mais conveniente para você. A maioria das promoções são válidas para estrangeiros. Gastamos aprox. 450 reais por pessoa para 3 passes diários e um passe de meio-dia na baixa temporada.

Optamos por almoçar todos os dias nos restaurantes da estação. Pagamos em media 50 reais por dois lanches, uma porção de fritas e duas bebidas quentes. O estacionamento também era pago, aprox. 10 reais por dia.

O Valle Hermoso

Com o segundo dia de esqui comprometido decidimos conhecer o Valle Hermoso, um parque de lazer a céu aberto com piscinas naturais de diferentes temperaturas, serviços de SPA e opções de entretenimento na neve.

Encarar a piscina foi um pequeno perrengue devido ao frio. A infra dos vestiários era muito simples.  Eram estruturas individuais com aquele tipo de porta que cobre seu corpo só a partir do seu tornozelo. Tinham o teto coberto porém ao abrir a porta você já se deparava com o parque. Dentro do vestiário nada de ganchos ou bancos o que tornou a troca de toda aquela quantidade enorme de roupa e por um biquini algo coooongelante.

Entrar na água quentinha foi um alivio. Devido a friaca seu corpo vai queimando aos poucos conforme entra em contato com a água; apesar de ter escrito queimar garanto que a sensação é ótima.

Ficamos em torno de 45 minutos na piscina. Naquele dia somente uma funcionava. Os chilenos que estavam na piscina  nos orientaram a tirar o corpo da cintura para cima por 5 minutos a cada 20 minutos na água.  Difícil era ficar 5 minutos com o “corpicho” fora d’agua…risos.

Os mesmos chilenos também foram simpáticos quando a neve virou chuva e começou a molhar nossas coisas, nos emprestaram sacos para que nossas roupas ficassem cobertas e secas. Até haviam lockers mas a distancia dos mesmos para a piscina era de alguns metros que não queríamos percorrer sem roupa ou sapato naquele frio. Apesar do perrengue foi uma experiência bastante local e agradável.

Ah, também foi dica dos chilenos que com frequência você encontra a entrada para o local disponível no GroupOn por um preço ainda mais econômico do que já custa. Pagamos  5.000 pesos chilenos (25 reais) a entrada por pessoa com direito ao uso das piscinas e do estacionamento. Os tratamentos do SPA (que achamos caidinho) eram pagos à parte.

Os serviços do Hotel Nevados de Chillan e do Gran Hotel Nevados de Chillan

Depois do término do penúltimo dia de esqui decidimos conhecer o Hotel Nevados de Chillan. Tínhamos lido que nele tinha uma piscina a céu aberto que podia ser utilizada pelos não hóspedes até as 20 horas e também achamos que seria uma oportunidade de ter um bom après-ski esqui.

Fomos super bem recebidos na recepção do hotel. Como o mesmo tinha passado recentemente por uma reforma eles fizeram questão de nos mostrar todas as dependências. Acabou que o SPA chamou mais nossa atenção do que a piscina e optamos por fazer a famosa hidromassagem com as águas vulcânicas da região.

Funciona da seguinte forma: em uma espécie de banheiro eles preparam a hidro e você tem o tempo que comprou para utilizá-la – no nosso caso 20 minutos – e depois mais 10 para tomar uma ducha e trocar de roupa. A sala/banheiro não é das mais quentes mas depois do Valle Hermoso estávamos achando tudo muito confortável.

Muito bom o serviço e o atendimento, sem falar na qualidade da água. Eles realmente encanam a aguá sulfurosa da região. É a mesma água das piscinas naturais do Valle Hermoso com duas vantagens: a privacidade e a hidromassagem. Depois de um dia de esqui então, todos os seus músculos agradecem!

Visitamos também o Gran Hotel Termas de Chillan, considerado o melhor hotel do complexo. Também fomos bem recebidos e saímos de lá com a listinha dos serviços do SPA. Como fomos lá depois do primeiro dia de esqui para ver se poderíamos usar a piscina saímos de mão abanando porque a mesma ficava disponível para não hóspedes apenas até as 15 horas da tarde. Pensamos em voltar outro dia para conhecermos o SPA mas acabou que não retornamos. Ficou para a próxima.

Os preços do SPA do Hotel Nevados de Chillan eram bons. Pagamos 11.000 pesos chilenos (aprox. 55 reais) para o casal. No entanto no Gran Hotel a mesma terapia era ainda mais em conta 9.500 pessos chilenos.  No geral os SPAs tem preços parecidos, algumas terapias custam um pouco mais no Gran Hotel mas a diferença de preço não é exorbitante.

Restaurante em Valle Las Trancas

Para finalizar no último dia optamos por jantar no restaurante Olivas. Optamos por ele porque era uma dos mais movimentados e por fora o ambiente parecia bem convidativo. Gostamos bastante.

A comida era boa e a apresentação dos pratos de bom gosto, o ambiente bem agradável e o pisco ótimo. Achei que encerramos com chave de ouro.

No outro dia foi hora de acordar cedo e voltar para Santiago. Mais uma vez estrada tranquila, excelentes restaurantes de beira de estrada (paradouros) e ainda por cima um detalhe da Ruta 5 Sur que não tínhamos conseguido ver direito na ida porque fomos à noite: muitos vinhedos e parreirais ao longo da estrada. Nem preciso dizer que bateu aquela vontade de voltar logo para o Chile e dessa vez fazer um passeio pelas suas vinícolas.