Croácia – Dicas de Viagem no Sul da Dalmácia

Em 2007, cheguei no aeroporto de Mestre e peguei um táxi em direção à Veneza junto com uma americana que passaria uma noite em Veneza e depois se dirigiria ao seu destino final: a Croácia. Ela comentou que a Croácia era um pouco como Mediterrâneo de antigamente, ainda intocado, charmoso, com boa infra-estrutura para velejar, ótimas praias e, preços extremamente acessíveis. Quatro anos depois…, finalmente fiz as malas em Direção à Croácia.

Assumo que o fato de estar morando em Roma facilitou a minha decisão, um voo de Roma à Dubrovnik dura cerca de uma hora e com alguma antecedência se encontram passagens a preços bastante vantajosos. Abaixo meu roteiro pelo sul da Croácia e minhas dicas de viagem.

NOSSO ROTEIRO DE VIAGEM PELO SUL DA CROÁCIA (REGIÃO DA DALMACIA)

A região escolhida foi o sul da Dalmácia, no trecho entre as cidades de Dubrovnik e Split. O roteiro de duas semanas foi: Dubrovinik, Makarska, Split, Hvar (Ilha de Hvar), Bol (Ilha de Brac) e Dubrovnik novamente. Nos destinos citados, fizemos inúmeros day-trips a pequenas cidades e ilhas próximas.

Chegamos em Dubrovnik e pegamos o ônibus do aeroporto até a estação rodoviária; 25 km e 45 minutos depois já estávamos com os tickets em mãos para irmos até a Makarska.

Três horas depois chegávamos em Makarska e fomos direto para a praia. Gostei de Markaska, o primeiro contato com o relevo croata foi alucinante.

A partir de Makarska a ideia é ir para Brac, com ferry da Jadrolinija até Sumartin na ilha de Brac, no entanto, após uma conversa com um dos donos da pousada onde ficamos,  recebemos duas dicas importantes:

• a primeira é que poderíamos ir até Sumartin mas que chegando lá, a conexão entre o ferry e os ônibus locais não era muito fácil, talvez tivéssemos inclusive que pegar um táxi; o recomendado seria ir até Split onde as conexões da Jadrolinija eram mais numerosas;
• comentamos com ele que opção era boa porque tínhamos planejado ficar 3 dias em Split e foi aí que veio o segundo conselho, que Split era uma cidade de passagem, e não muito aconselhada para se ficar por muito tempo.

Mudamos os planos e partimos em direção a Split, saímos de Makarska no ônibus das 10 da manhã e 1 hora e 30 minutos depois chegávamos a Split. A estação rodoviária de Split é ao lado do porto e novamente, alguns minutos depois, já estávamos com os tickets para ir a Hvar em mãos. Compramos um ticket para o final do dia e decidimos passar o dia em Split para conhecer ao menos um pouco da cidade.

Realmente nosso amigo tinha razão, a impressão que a cidade causa ao se chegar nela não é das mais bonitas, Split é a segunda maior cidade da Croácia, e seu é porto sua principal fonte de renda o que o torna um pouco caótico. Sem dúvida não tem o charme dos lugarejos menores mas vale nem que seja uma visita rápida. Se você tiver tempo pode considerar duas noites na cidade.

Algumas horas depois, chegávamos em Hvar. Hvar é um lugar charmoso e com uma atmosfera simples no ar. É uma tranquilidade mas com boas baladas e restaurantes.

Os locais de interesses como ilhas, praias e cidades próximas tornam a oferta de passeios bem grande, impossível se entediar.

Consequência: ao invés dos 3 dias inicialmente planejados, ficamos 5, e com dor no coração partimos rumo a Bol.

O plano era ir com a Jadrolinija de Hvar para Bol mas descobrimos que para isso deveríamos ir até Starid Grad, outra cidade na Ilha de Hvar, de lá até Split e de Split à Supertar (Ilha de Brac) e depois ainda pegar um ônibus para Bol. Logística tão complicada que chegamos a pensar em ficar mais um dia por ali e fazer o passeio até Bol com os barcos turísticos. Porém, ferrys de Hvar para Dubrovnik só partiam aos sábados, o que era incompatível com nossa agenda.

Como são das dificuldades que surgem as oportunidades descobrimos uma outra forma de chegar em Bol que gostamos bastante, isto é, com os próprios barcos de passeio que (ainda bem) permitem que você faça apenas o trajeto de ida. Alguns dias da semana eles partem direto de Hvar, em outros você deve ir até Jelsa (Ilha de Hvar), que foi nosso caso. Saímos de Hvar às 10 da manhã, chegamos em  Jelsa às 11 e as 14 já partíamos para Bol. Foi bacana porque também conhecemos Jelsa.

Uma hora depois, chegamos ao nosso destino. Existe essa opção também com a  Jadrolinija, o problema é que as partidas de Jelsa são entre 06:00 e 07:30, como neste horário os ônibus de Hvar a Jelsa ainda não estão disponíveis, ou você pega um taxi ou dorme em Jelsa.

Em menos de uma hora já estávamos na famosa praia de Zlatini Rat (Golden Horn) e, devo dizer, que vale no mínimos o passeio (day-trip) até lá.

Ali ficamos por mais 3 noites, descansamos bastante porque fora essa praia você não tem muitas opções e a cidadezinha em si é bem pequena, bem diferente de Hvar, que não é só maior mas também tem mais ofertas de restaurantes, pubs e baladas.

De qualquer forma em um dos dias tinha uma pequena feira local, organizada no centro da cidade, uma ótima oportunidade para se tomar um cerveja ou vinho e se saborear a comida local a preços mais indecentes ainda.

Após 3 dias em Bol, dois seriam de bom tamnho para quem vai com tempo curto, voltamos em direção à Dubrovnik, a famosa pérola do Adriático. Como já estávamos em Brac, resolvemos nos informar melhor sobre o ferry de Sumartin e, apesar de haverem apenas dois ônibus diários ligando essas duas cidades, existia a possibilidade de ir de ônibus até Sumartin e de lá, pegar o ferry até Makarska. De Makarska fomos à Dubrovnik em ônibus. Essa volta tomou nosso dia inteiro, chegamos em Dubrovnik às 19 horas.

A cidade é realmente uma graça, ficamos na região do porto, Gruz, e gostei bastante. Apesar de estarmos distante 10 minutos de ônibus da old town estando no porto ficamos muito perto do sobe que já tínhamos reservado, do local em que chegamos, perto das saídas da Jadrolinija para as Elaphite Islands e perto tanto da estação rodoviária.

SE DESLOCANDO – Transportes na croácia

Acho que fica bastante claro, se você leu todo o roteiro, que todos os deslocamentos foram feitos utilizando meios de transporte locais. Optamos por não alugar um carro para toda a viagem, deixando para fazer isso somente nos lugares em que sentíssemos necessidade. O carro mostrou-se dispensável.

Fizemos todos os grandes trajetos no continente com ônibus, a comunicação com os atendentes que vendiam as passagens e com os motoristas, em inglês, as vezes em italiano, foi “fácile” embora sem muita fluência nos idiomas.

Todo os trajetos entre o continente as ilhas de Hvar e Brac foram feitos com a Jadrolinija (exceção da ida a Bol). As cidades e ilhas são bem conectadas, Bol é pequena e a sendo a praia de Golden Horna principal atração, muito optam por day-trips.

Caso você opte por alugar um carro aconselho sempre terás que utilizar o ferry boat, o que reduz a quantidade de opções disponíveis.

Em Hvar usamos taxis boats. Enquanto em Dubrovinik, além de taxi boats fomos às Elephite Islands com a Jadrolinija.

Outro serviço que existe por tudo são os barcos de passeios, que fazem os “fish piqueniques”, tipo passeio de escuna no litoral brazuca. Visitam-se 2 ou 3 pontos de interesse com almoço incluído e música. Não é minha praia, mas uma boa opção se você têm pouco tempo ou se não houverem outros formas… risos.

Outra opção ainda muito econômica por lá é alugar um barco e fazer o passeio por conta. Em Hvar chegamos a pensar em alugar, custava 50 euros o dia, um barco pequeno para duas pessoas e com combustível incluído.

Em Makarska pode-se utilizar os próprios ônibus locais para andar pela Riveira, nós como ali tínhamos planejado somente dois dias não nos deslocamos muito e conhecemos os pontos de interesse a pé mesmo.  Em Bol, como o ponto de interesse também era perto também se caminhava para tudo. Em Dubrovinik usamos os ônibus públicos para transitar pela cidade e pelos arredores, como por exemplo, Milni.

HOSPEDAGEM/ACOMODAÇÃO NA CROÁCIA

Sem dúvida o que torna a viagem pela Croácia barata é a acomodação. Não existem muitos hotéis e existe incentivo às acomodações nas casas de família, por eles são chamadas “sobe, zimer, room, camere” ou “apartamani”. O primeiro tipo são quartos e o segundo apartamento com cozinha e sala.

São como se fossem as nossas pousadas de antigamente, sendo que ali existem classificações de uma até três estrelas, que indicam: banheiro compartilhado, compartilhado com somente outro quarto ou privado, respectivamente.

Tivemos a oportunidade de ficar em 4 destes “”sobes” e a experiência foi positiva. Logo ao descer de um ônibus ou catamarã eramos abordados por senhoras do lugar, com um álbum de fotos em mãos, oferecendo suas acomodações. Nós achávamos isso um pouco chato, depois que você vai com a senhora até o local dela e não se hospeda ela perde o oportunidade e você fica sem jeito, as pessoas são muito simples.

Nosso combinado era dizer que já tínhamos acomodação. Assim tínhamos liberdade para caminhar pela cidade e escolher algo que fosse do nosso agrado. O problema é que as vezes as acomodações são distantes então pode ser necessário uma pernadinha.

Essa viagem foi feita durante a popularização do AirBnB, hoje em dia muitas destas acomodações já estão disponíveis nele ou mesmo no Booking. Em 2012, quando voltei à Croácia novamente(clique no link para ver essa viagem), fui com todas as reservas feitas utlizando Booking e AirBnB. Se você for em agosto  (altíssima temporada) recomendo reservar com antecedência.

Em Makarska ficamos na Batosic Pension o lugar era bom, bem localizado, próximo da estação de ônibus e da praia e bem aparelhado. Acho que os únicos pontos ruins foram a ladeira para se chegar até ele e o fato de que não tinha frigobar e televisão.

É praticamente impossível fugir das ladeiras nesses lugares por onde passei, foram férias fitness…risos.

Em Hvar e Brac (Bol) também ficamos estruturas de sobe anexada a casa das moradoras,  clique nos links sobre as cidades para verificar os lugares. Ambos prédios novos, muito bem aparelhados, camas ótimas, vistas da cidade, TV por satélite, ar-condicionado e frigobar. Sem café e serviço de limpeza. Essas acomodações eram excelentes. Os donos muitos solícitos, ganhamos inclusive tomatinhos frescos do jardim #luxo.

Em Dubrovink o lugar era muito simples, consequência do preço muito barato. Foi o mais familiar de todos e tinha um senhorzinho, que devia ser o avô de todos, que incomodava um pouco. No entanto, o custo benefício foi relativamente ridículo.

Os preços das diárias acima variam entre 18 e 50 euros.

O QUE FAZER EM MAKARSKA, SPLIT, HVAR, BOL E DUBROVNIK

Abaixo, uma lista, por cidade, dos principais pontos de interesse e atividades.

Makarska: o principal ponto de interesse são as praias da Riviera, praias com perfil familiar e com bastante gente, muitas opções de lazer na praia, como aluguel de jet-ski, pedalinhos, kayaks, voos panorâmicos (para sail). Uma boa opção é fazer uma caminhada pela trilha até Nugal Beach (praia naturista).

Split: visitar o centro histórico e o porto turístico. Faz day-trip até Trogir, Primosten, Hvar, Brac e tantas outras.

Hvar: o ponto alto é visitar as diversas praias, beach clubs e ilhas da região. Dentre elas: Carpem Diem, Palmizana e Jerolim (naturista) nas Ilhas Pakleni, que ficam em frete à cidade de Hvar, Pokonji (em Hvar) e Milna (na ilha de Hvar).

Brac: a Golden Horn é o ponto alto. Também é uma praia muito boa para windsurf e mergulho (observei algumas escolas). Com uma infra-estrutura de lazer similar a Makarska.

Dubrovnik: conhecer o centro histórico que é extremamente bem preservado, o muro da cidade, fazer um passeio de cable car, pegar praia na área de Lapad e Banje Beach, balada no East&West, ir até as ilhas de Lokrum e as Ilhas Elaphiti (especialmente Lopud com sua praia de areia), conhecer a cidade de Mlini.

O QUE SE COME E BEBE NA CROÁCIA – PRATOS TIPICOS

A comida da Croácia não desaponta mas também não é uma grande surpresa. A influência italiana é grande mas nem se compara ao original. Fora isso encontram-se alguns pratos/lanches típicos que indico abaixo.

Os Konobas são restaurantes classificados como as Osterias na Itália, a idéia é de um ambiente mais simples com uma comida mais tradicional e, consequentemente mais econômica. As Pekaras são as padarias onde você encontra as burakas, ótimas para um café da manhã, lanche ou mesmo almoço rápido.

Recomendo provar a buraka, o cevapcici, a bussara(molho) e a Peka. Também fica a dica de um ótimo restaurante em Hvar onde praticamente provamos todo o cardápio. Restaurante Marinero, Rua Majerovica, 12.

Os vinhos croatas também se mostraram uma grata surpresa. Confesso que amo viajar para locais onde o vinho da casa custa praticamente o preço da garrafa de água…rs. Não bebemos nenhum vinho ruim e mesmo estando acostumada ao padrão da Itália e achei o vinhos excelentes, em pleno verão optei sempre pelos brancos.

OUTRAS INFORMAÇÕES ÚTEIS PARA PLANEJAR UMA VIAGEM PELA CROÁCIA (VELEJAR, NATURISMO, ETC…)

Praias – as praias são muito bonitas e completamente diferentes das nossas. São pequenas enseadas de águas cristalinas e sem ondas. Ondas só com vento forte o que não é muito comum no verão e depende da orientação da praia. Além disso as praias não sua maioria esmagadora são de pedras o que causa um desconforto se você não estiver preparado.

Compre um sapatinho para entrar no mar e mesmo para caminhar na praia e tenha um colchão para se espreguiçar nas pedras. Você pode adquirir lá mesmo e sem dúvida fará toda a diferença.

Um bom site para ler sobre as praias da Croácia e que inclusive contém rankings por perfil de Praia é Croacia Beaches. 

Naturismo – tenha em mente que a Croácia é muito famosa pela possibilidade de se praticar o naturismo. Mesmo as praias que não são totalmente naturistas possuem uma parte para a prática do mesmo. Por isso não se assuste se vires uma família de alemães totalmente nus ao seu lado, para eles como já diz o nome, é muito natural!

Dinheiro – foi muito fácil trocar euros por Kuna (1 euro, 7,34 kunas). Em qualquer esquina encontrávamos um ponto de troca que não cobrava taxa e tinha ótimo câmbio. Já mais chatinho foi a aceitação do cartão de crédito, para acomodações impossível já que os sobes e apartamentos são pequenas empresas familiares. Além disso alguns restaurantes também não os aceitavam.

Baladas – em Hvar fomos ao Carpem Diem, primeiramente fomos até a parte que fica na ilha e de lá, depois de um esquenta, pegamos o barco para a Ilha do Carpem Diem. Devo confessar que achei o esquenta mais animado que a balada. Em Dubrovnik o East&West tem um ambiente legal e uma boa música.

Velejando pela Croácia – se você não tem um barco próprio, não têm nenhum amigo que tenha e no momento não possui saldo suficiente na conta bancária pra alugar um barco por alguns dias, uma opção por ser a Katarina Cruises. Além disso você também pode contratar um cruzeiro através da Civitatis.

Finalizando queria dizer que esse é meu primeiro post, então ainda estou me familiarizando com esse mundo de blog. Portanto, se esqueci de colocar algo ou se você tem alguma sugestão ou dúvida adoraria que você me mandasse um email ou deixasse algum comentário logo aqui avaixo. Obrigada pela leitura, espero que tenha sido útil!

Leia mais:

• Provence e Languedoc-Roussillon
• Trogir – A “Piccola Venezia”
• Primosten, Uma Ilha na Croácia
• Guida Blu 2012